quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

O que você esperava?

Antes de atirar meus poemas
ao v e n t o
pense duas vezes
três, quatro
você não pensou
alquimia de mãos sorridentes.

Edson Pielechovski
o voo dos versos
bondosa língua de ouro
passamos dias juntos
dias, meses, anos

mas ainda não nos conhecemos...
Edson Pielechovski

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Nunca na história desse país

Nunca se viu tanta expulsão de sem teto
Nunca se viu tanta gebte morando nas ruas
Nunca se viu tanta desconstrução
Prefeitura faz o que quer
Sinal amarelo da assistência em SãoPaulo
A verba subiu.
ONGs no alerta vermelho
Usuários no amarelo
Discursos complicados
Tem cadeirante disputando vaga em calçada
Serviços de acolhida
Viram rede de quadra de peteca
Quem é a peteca afinal
ONG, trabalhador, convivente ?
Secretaria sente o tapa na cara de todo mundo
Quem mora na rua , realmente tá largado
Desemprego, saúde comprometida
Pra piorar tem o crack
Enlouquecendo tanta gente
Trabalhador da área, não sabe se bate, se apanha
Convivente não sabe se raclama, se detona
A violência verbal generalizada
O que mais assusta é saber
Que a política do descaso
Nada veio suplantar
Que metodologia é essa
Nunca houve tanto descaso
Nunca o barril esteve tão próximo de explodir
Nunca o fim do túnel esteve tãoescuro
Já se fala em apagão da assistência
Já se fala em rebelião dos usuários
Ninguém parou para pensar
Onde tudo isso vai dar?
Nunca na história da assistência social
Se esteve tão perto do caos iminente...

Tiăo Nicomedes-16/09/2009

A Loucura

Quando se fala em loucura, lembramos dos ensandecidos, os doentes, mas a loucura está mais próxima do que pensamos...


Alguém um dia já explicou
A loucura do poder?
Passar por cima de vidas, ideais, direitos...
Do direito de ser feliz?

E explicar se Deus existe ou não - e quem é
E alguém já percebeu
A loucura de simular o Big-Bang em laboratório
Com o medo de provocar o fim do mundo?

E a loucura de
Desviar dinheiro, provocar guerras, torturas, traumas
Servir a um poder absoluto, perseguir, prender, matar
E depois da noite escura, continuar vivendo
Como se nada tivesse acontecido?

E ter princípios, coragem, lutar
E depois de vencida a primeira batalha
Continuar vivendo, deixando os princípios para trás
Como se nada tivesse acontecido?

Alguém já explicou a loucura
De querer ter muito dinheiro
E um dia ir embora desse mundo e não levar nada?

Fábio Abramo

Sexta-Feira

O roto rouba do esfarrapado
que procura razão no desajustado
que quer vida do quase morto
O rico indica o jardineiro ao amigo milionário
O viciado consegue 10 paus do bêbado
que viu o garçom dar um cigarro ao garoto pra mais uma bola
sai correndo e em meia hora volta pra pedir mais cigarro
A mulher na Rebouças toma mais uma multa por velocidade
o pedinte marca o lavador de vidro que xinga o motoqueiro
a prostituta expulsa a novata no ponto da avenida
o fissurado leva o solitário pra uma carreira no centro
o empresário fecha mais um negócio milionário
chama o helicóptero e a esposa pra o fim de semana em Ilhabela.

Fábio Abramo

Nas entrelinhas

Está nos lábios, nos sonhos, nos medos
Vejo nos gestos, nos olhares, os egos
O grito liberta, o silêncio diz, as costas viram...
Olhar PRA FRENTE !
Se percebe na voz, no trejeito, o foco em algo
Passado e o futuro ali, detalhados, nas entrelinhas
A estrada a ser percorrida já estendida á sua frente
Onde pedras, buracos, imagens, pessoas passam
Contam a história de infinitas formas diferentes
Cada uma traz uma verdade existente
Mil faces de uma mesma existência
Me divido entre o sonho e o chão
A noite e o dia
O ontem e o hoje
Entre a vida e a morte.

Fábio Abramo

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Crack: a situação está fora de controle.

Em um único dia, acompanhando o infernal mundo do crack e seus efeitos sobre a população de rua. Inacreditável, contei 35 brigas, parte em discussões verbais, parte em agressões físicas. Brigas fortes, algumas de tirar sangue. É preocupante, pelo menos metade delas podia ter chegado ao homicídio. O que seria, indiscutivelmente, mais um massacre.Quando a cidade fecha pelas ruas do centro, aos fins de semana, em plena luz do dia, insurgem em estado de zumbis, completamente transformados e transtornados. Principalmente na região da Luz, mas não é só.O que outrora era termo pejorativo agora é fato, realmente a Cracolândia existe, hoje espalhada pelo país afora. Está tudo fora de controle.A incidência do vício entre os moradores de rua, é disparadamente maior, o grau de vulnerabilidade da rua não pode mais ser considerado médio como se faz nas conferências municipal, estadual e, principalmente, nacional de assistência social.A segurança pública falhou, mas é também um caso de saúde. No caso dos moradores de rua, é resultante das falhas de tudo, de todas as políticas existentes e até da falta de afeto. O ponto alto porém é a falta de perspectivas.Na caminhada que fiz entre os craqueiros, encontrei pessoas amigas, muita gente que reconhecemos e tantas outras que nos conhecem. O motivo, o mesmo, perderam as esperanças na vida, não aguentam mais discussões e debates e ações paliativas vadevindas de todas as partes.Poder público, movimentos sociais, defensores de direitos humanos, polícia, guarda municipal, a sociedade num todo. Tem que mudar os modos de discutir os problemas, as questões, debate por debate, troca de ofensas, acusações e desmentidos, não funcionam mais. As pessoas estão cansadas, os moradores de rua estão saturados e não aguentam mais tanto bate rebate.Essa droga empesteada, ta destruindo o Brasil, ta destruindo o Rio de Janeiro e vai avassalar São Paulo feito um tornado.

Sebastião Nicomedes

Pandora

A caixa de Pandora abriu e dela escapou algo que não sabemos se é bom ou ruim.
A Praça Roosevelt tornou-se um pequeno teatro de poses e posturas tão pequenamente burguesas. Onde estão seus moradores, visionários, etílicos, vizinhos, sedentos que admiram os que olham com sede e fome? Fome de vida, de pessoas , de lugares, coisas e sensações. Meu medo é que tudo isso vire uma grande vitrine de shopping. Aliás, odeio shopping.
Os que tentam fazer higiene social em nossa cidade são os que têm as mãos mais sujas.
Pedrão Guimarães
A cidade tem gente de todo canto
Homem expulso do campo
Sem terra , sem teto,
Sem pátria , sem mãe,
A cidade tem faca , tem revólver,
Tem crack, cola,
Mas a arma que mais mata è a indiferença.
Tem movimento, sentimento,
Tem muita luta na cidade.
Tião Nicomedes

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rege as pessoas com o sorriso
Eleva a beleza no mais alto
Gigante como o paraíso
Influi tudo num salto
Nunca ira de chorar
Alguem sempre há de te amar

Ninguem imagina , mas existe uma Regina.

R. Ricardo

Um farol em alto mar

Sou sentinela gentil,
Esperando o que há de vir.
Na guarida do destino
Sou menino, mal nasci.
Sou sentinela gentil,
à espera de um navio
Vindo dos mares do espaço,
Onde algum sargaço
Existiu.
Sopu sentinela gentil
À procura de um amor
Pra esquentar
Quando há frio!
Sou sentinela gentil,
Em busca de um porto seguro,
Cansado de andar no escuro,
Que chorou muito
E pouco riu!
Sou sentinela gentil,
Querendo sair do covil,
Ouvir aquilo que não ouviu
E ver quem nunca viu!
Sou sentinela gentil,
Montado em corcel aredio
AQue empinande um modo Bravio
E dá coices não lá tão macios.
Sou sentinala gentil
A me acompanhar uma estrela sutil.
No céu só tem sentimento
Quem sentiu
a chegada de um novo alvorecer.


Alvaro Canu

sábado, 4 de julho de 2009

O I Sarau Encontro de Utopias na Caixa de Pandora foi um sucesso!




Galera!
Pena que não temos como transcrever td de bom q rolou no I Sarau Encontro de Utopias na caixa de Pandora. Porém vamos dar uma palinha para dar água na boca, já que o próximo já tem dia, hora e local marcado.
Será no Pandora, que fica lá na praça Rosevelt, ao lado do Extra, e começa às 17hs.
Acima o cartaz do próximo Sarau e abaixo as trasncrição das poesias que rolaram no varau e na Caixa de Pandora.





A TRILHA DOS PÉS DESCALÇÕES
Estrada de terra batida, larga e macerada por caminhões basculantes, novos potentes, vazios e em alta velocidade.
Cercada por mata fria e fechada, em noite escura, sem lua e sem estrela.
Onde caminham de pés descalços, rumo a um destino incerto.
Massa compacta de homens, mulheres (grávidas ou não), crianças de colo, crianças que corre e o nariz escorre.
E os Caminhões que trafegam –ela estrada,
Com seus daróis apagados e em alta velocidade,
vêem o vulto da Massa e por eles passam o mais rente que podem.
Os mais Cruéis, os seguem por trás.
Guinchando os freios e dando buzinaços.
Desdenham da Massa que em pânico e sempre juntos correm.
Mas eles são vis e covardes.
Desviam deles e somem. Preferem as Ovelhas desgarradas.
Homens, mulheres (grávidas ou não), crianças de colo, crianças que correm e o nariz escorre.
Pobres vultos perdidos e desesperados.
Presa fácil dos Leões, Tigres e Leopardos.
Que passam por cima de seus corpos, sem dó e nem piedade.
Misturando o sangue, a carne e os ossos, com lama desta estrada.
Mas em seu socorro vem a Massa.
Que aos berros e até mesmo aos bofetes, os levantam.
Pois onde o tempo urge a segurança esvai.
E assim novamente juntos, partem em seu destino incerto.
Gente pobre de pés descalços.
Homens, mulheres (grávidas ou não), crianças de colo, crianças que correm e o nariz escorre.
Mario César Piva


VERTIGEM
De pé na beira da marquise, do arranha céu,
Preso apenas pelo senso de equilíbrio.
Luto contra a força da gravidade, que me puxa para baixo
E contra o sopro do vento, que me empurra para a morte.
Sinto a vertigem me envolver.
Entorpece todo o meu corpo.
Respiração ofegante.
Batimento cardíaco acelerado.
Amolece minhas pernas,
Distorce a visão.
Tento não olhar para baixo
E assim não aceitar o convite,
Para este único e fatal mergulho.
Foco apenas o horizonte.
Nele sinto toda a beleza,
Que transpassa o dia, desde a aurora até o anoitecer.
Aí então, não pulo, mas vôo.
Não como sonho de Ícaro,
Mas nas mãos encantadas de um Peter Pan,
Que me leva para além da Terra do Nunca.
Fora dos domínios da razão.
Da vertigem não mais padeço. É cálice de vinho doce,
Servido na Ágape dos Deuses.
Embriaga todo meu corpo.
Me envolve nas brumas do êxtase.
Mario César Piva


PINDORAMA
Venta
E volto a ser criança
Há sempre uma lembrança
De vida mais vivida
Com árvores e flores
Lindas
Aqui em Pindorama
(Aqui em Pindorama)
Tenho
Amores que não cessam
O Sol sempre convida
A se entrar na dança
Verde eterno verde
Risos
Aqui em Pindorama
(Aqui em Pindorama)
Música e Letra de Rodolfo Souza Dantas


CICLO GENEALÓGICO
O avô
Do avô
O pai
Do avô
O pai do pai
O avô
O avô
O avô
O fim
do avô.
O avô
Do pai
O pai
Do pai
O pai
Do filho
O pai
O pai
O pai
O fim
Do pai.
O avô
Do filho
O pai
do filho
O filho
do filho
O filho
O filho
O filho
O fim
do filho
O neto
O bisneto
O tataraneto
O novo
O novo
O novo
O ovo
De novo
De novo
De novo
Moacir Marques do Nascimento




Gigante adormeceu
Não acordou,
Fez a travessia
No barco do além.
Foi cantarolando,
Foi batucando,
Foi assoviando.
Chegando lá
Ê beleza...
Cumpadre Itamar.
Abraço saudoso
Dos grandes
Gigantes do Brasil
Regina Tieko


REFORMA GRAMATICAL DOS SONHOS!
No século XXI
Felicidade começa com S
Alegria começa com S
Cultura começa com S
Lazer começa com S
S de Sarau
DE ENCONTRO DE UTOPIAS
Tião Nicomedes


CALEIDOSCÓPIO SOCIAL
Com os dias que passam tão rápido.
Transitam as pessoas
Na estação das horas.
Amontoadas nos vagões dos minutos.
Em segundos desembarcam
E seguem seu rumo.
Nos dias, passam as Marias.
Nas semanas, vem os Joãos.
Em meses legião de Josés.
Zé!
Da silva.
Dos Santos.
São Tantos,
Filhos de Maria
Netos de João.
Nomes de homens de mulheres,
Seres de vida e senas
Parecidas.
Repetidas.
Aparecida
Cida!
Da Silva.
Dos Santos.
São Tantas.
Juntos formam o incrível
Caleidoscópio social,
Com tanta beleza
E simetria.
Sozinhos,
São apenas passageiros desta Vida.
Nomes de homens de mulheres.
Josés, Joãos e Marias.
Desaparecidas.
Mario César Piva


Os pensamentos do Dias


  • Existem 3 tipos de filho da puta: O primeiro é o que tem mãe pura. O segundo é mau caráter. E o terceiro é o que transcende, que a gente gosta.

  • Tem gente que não merece ser chamada de animal. Porque isso é uma ofensa para os animais.

  • Essa história de que bebo todos os dias não tem nada haver. Bebo sim, todas as noites.
    Se eu não pirar, eu piro.

  • A vida é uma puta festa. A merda é que a gente chega depois que ela começou e vai antes que ela acabe.








quinta-feira, 18 de junho de 2009

Nosso pontapé inicial


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A Era da "Fast Art"

A culpa é da cultura. Da falta dela, na verdade. O que fazer quando uma legiaão de analfabetos funcionais elege um séquito de representantes amorais? A esquerda finalmente chegou ao poder. O que mudou? Como produzie cultura quando para isso é necessário trilhar os meandros do sistema? Os bem nascidos tem acesso natural às facilidades da maquina . Os já famosos garantem a audiência. Mas, e a iniciativa do artísta anonimo? Este, permanece dando o seu sangue para romper o sistema e financiar com seus próprios recursos sua produção artística à custa de um sobre esforço. O artísta anonimo precisa investir no sistema. É necessário pagar para fazer arte. A arte é um artigo de luxo.

A geração shopping center, prefere consumir um Mc Lanche Feli à pagar por um ingresso de teatro. O ingresso para ver em cena um renomado ator custa por volta de 70 reais, o que equivale a cerca de 15% d um salário mínimo. Estamos na era da "fast art". Hollywood relança Rocky IV, empurrando-nos a reprise d mesmo moço expressivo Stalone, mas quants já ouviram a singeleza das meninas do Cumadre Fulozinha? Quantos Noistes Ilustradas nasceram na favela e morreram sem jamais gravar? Quantos menino de rua são artístas desperdiçados nos cachimbos de craque? E quantos adolescentes madrugam na fila para conseguir um ingresso e assistir ao High School Music sem nunca terem assistido a um filme de Chaplin?

por Suzi Kiu e Hanna Morgana